"Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura..."

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ausência de Si



Aquele que esconde o seu talento na terra
Descobre uma vida calma, uma vida morna,
Uma vida segura, certa e sem quedas.
Vive tranquilo sem medo de errar, por não chegar a tentar.
Vive um dia atrás do outro sem distinção,
Porque para ele todos os dias gastam-se iguais
E as noites são dormidas.

Não encontra dor, por não conhecer sonhar.
Não acha tristeza, mas ignora a alegria de dar.
Não vive prisão. Não vive amar.
Para ele não há horizonte em frente
Pois seus olhos rebaixam-se apenas à terra
E o céu é longe de se tocar.

É chegar ao fim da linha, olhar para trás…
E pedir a conta ao empregado
Depois de tomar o seu café.
Sem palavras nem saudade
Retira-se, terminando o cigarro
Sem diferença ou desprezo...pé ante pé.
Ninguém lembra quem lá foi.
Apenas uma cadeira vazia...
As cinzas de uma existência
De paz e melancolia.
Apenas borras de café.


Maio 2004 - Clã 21

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