
É dificil explicar o que é viver um jogo de bola e um clube.
Quem não entende, não gosta ou desconhece este jogo, tem tendência para minorizar aqueles, por eles considerados, "fanáticos" e "bárbaros" que não têm mais nenhuma paixão ou interesse na sua vida, onde gastar o seu tempo e suas emoções. São uns pobres simplórios, dotados de pouca cultura e inteligência, que agem como autênticos animais irracionais, a partir do momento em que o assunto de bola vem à baila.
Realmente é dificil explicar a estas pessoas, que me consideram tal ser limitado, vindo da profundidade das "massas" estupidificantes, o espectáculo que é ir ao Dragão de 15 em 15 dias. Até porque normalmente tais pessoas nunca levam a sério as bestas neolíticas da bola, nem querem gastar o seu precioso e racionalizado tempo a ouvir pessoas como eu.
Como é tão dificil, penso que o melhor é nem tentar explicar nada.
Quem gosta deste desporto, sabe que o futebol será sempre mais que uma bola e duas balizas. A beleza começa nas bancadas - as emoções dos adeptos, os desabafos dos pessimistas, as amizades dos vizinhos de cadeira, as frustrações das derrotas, as alegrias das vitórias, as cores das camisolas, os cânticos das claques, as
coreografias dos inícios de jogo, os borracholas a tresandar a tinto, os velhotes que não param de criticar a própria equipa, os miúdos que se vestem a rigor e vibram ao colo do pai babado, os entendidos da táctica que não se calam, os namorados unidos pelo mesmo cachecol, até a raiva focalizada no homem do apito, enfim... Tudo seres reduzidos, entregues a instintos pouco dignos da cultura superior do ser-humano homo-sapiens-sapiens-sapiens-sapiens...
Mea Culpa, Professor!
No passado Domingo este ritual grotesco repetiu-se: Parece que um certo clube lá para os lados das terras onde ainda se come tripas (comida selvática), ganhou, pela quarta vez consecutiva, o campeonato nacional. De certo que não vale a pena referir nomes, nem gastar mais letras com esta barbaridade.
Permitam-me apenas esta pequena leviandade da minha parte:
OH MEU PORTO DE ETERNA MOCIDADE DIZ À GENTE O QUE É SER NOBRE E LEAL
...e já agora TETRA--CAMPEÃO!!!
Eh pá... é tão bom ser um animal portista!
Este Post é dedicado ao meu bro, vizinho de cadeira e companheiro de alegrias e tristezas no Dragão - verdadeiro portista; Dragão tanto no apoio ao FCP, como também nas suas fantásticas explosões orais, derivadas de uma ingestão de alimentos, demasiado oxigenada - o verdadeiro Rugido do Dragão.
ResponderEliminarDe mais um dos acéfalos e broncos adeptos da bola aqui vai uma saudação pelo texto.
ResponderEliminarÉ bem verdade o que dizes.
Já não é a primeira (e nem será a última vez) que ouço falar nas "gentes do futebol" em tom depreciativo...
Uma vez a Maria Rueff dizia em entrevista que adorava ir ao futebol (apesar de não ligar nenhuma ao desporto) porque gostava de ver a heterogeneidade da multidão...
No mesmo espaço, sentados lado a lado, encontram-se gentes de todos os extratos sociais, de todas as raças, credos, ideologias e com as mais variadas histórias de vida, unidos pela mesma fé e a mesma paixão.
Ali não há distinções entre "Doutores", "Engenheiros", "Trolhas" ou "Sapateiros".
Todos sofrem, todos gritam, todos vibram...
Quem desdenha as "gentes do futebol", normalmente, fá-lo porque extrapola as claques e os energumenos que as constituem a toda a massa adepta... o que é "barbaramente" errado... mas os bárbaros são "os da bola"...
A realidade é que o futebol é um "micro-mundo" admirável, com uma heterogeneidade que não se encontra em nenhum outro desporto.
E dentro desse "micro-mundo" há uns quantos que têm o privilégio de ser Portistas!