"Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura..."

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Homem de Carácter


Os homens de carácter são a consciência da sociedade a que pertencem. A medida natural dessa força é a resistência às circunstâncias. Os homens impuros julgam a vida pela versão reflectida nas opiniões, nos acontecimentos e nas pessoas. Não são capazes de prever a acção até que ela se concretize.

(...) Tudo na natureza é bipolar, ou tem um pólo positivo e um pólo negativo. Há um macho e uma fêmea, um espírito e um facto, um norte e um sul. O espírito é o positivo, o facto é o negativo. A vontade é o norte, a acção é o pólo sul. O carácter pode ser classificado como tendo o seu lugar natural no norte. Distribui as correntes magnéticas do sistema. Os espíritos fracos são atraídos para o pólo sul, ou pólo negativo. Só vêem na acção o lucro, ou o prejuízo que podem encerrar.

Não podem vislumbrar um princípio, a não ser que este se abrigue noutra pessoa. Não desejam ser amáveis mas amados. Os de carácter gostam de ouvir falar dos seus defeitos; aos outros aborrecem as faltas; adoram os acontecimentos; vinculam a estes um facto, uma conexão, uma certa cadeia de circunstâncias e dái não passam. O grande homem sabe que os eventos são seus servos: estes devem segui-lo.
(...) Se tremo à opinião pública, como chamamos, ou à ameaça de assalto, ou a maus vizinhos, ou à pobreza, ou à mutilação, ou a boatos de revolução, ou de homicídio? Se tremo, que importa a causa? Os nossos próprios vícios tomam formas diversas, de acordo com o sexo, idade, ou temperamento, e, se tementes, prontamente nos alarmamos. A cobiça, ou a malícia que me entristecem, quando as atribuo à sociedade, pertencem-me. Estou sempre cercado de mim mesmo. Por outro lado, a rectidão é uma vitória perpétua, celebrada não por gritos de alegria mas com serenidade, que é a alegria permanente ou habitual.

É uma desgraça recorrermos a factos para confirmação da nossa palavra e dignidade.

Ralph Waldo Emerson, in 'O Carácter'

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Quatro Anos de Pura Barbaridade!


É dificil explicar o que é viver um jogo de bola e um clube.

Quem não entende, não gosta ou desconhece este jogo, tem tendência para minorizar aqueles, por eles considerados, "fanáticos" e "bárbaros" que não têm mais nenhuma paixão ou interesse na sua vida, onde gastar o seu tempo e suas emoções. São uns pobres simplórios, dotados de pouca cultura e inteligência, que agem como autênticos animais irracionais, a partir do momento em que o assunto de bola vem à baila.

Realmente é dificil explicar a estas pessoas, que me consideram tal ser limitado, vindo da profundidade das "massas" estupidificantes, o espectáculo que é ir ao Dragão de 15 em 15 dias. Até porque normalmente tais pessoas nunca levam a sério as bestas neolíticas da bola, nem querem gastar o seu precioso e racionalizado tempo a ouvir pessoas como eu.
Como é tão dificil, penso que o melhor é nem tentar explicar nada.

Quem gosta deste desporto, sabe que o futebol será sempre mais que uma bola e duas balizas. A beleza começa nas bancadas - as emoções dos adeptos, os desabafos dos pessimistas, as amizades dos vizinhos de cadeira, as frustrações das derrotas, as alegrias das vitórias, as cores das camisolas, os cânticos das claques, as coreografias dos inícios de jogo, os borracholas a tresandar a tinto, os velhotes que não param de criticar a própria equipa, os miúdos que se vestem a rigor e vibram ao colo do pai babado, os entendidos da táctica que não se calam, os namorados unidos pelo mesmo cachecol, até a raiva focalizada no homem do apito, enfim... Tudo seres reduzidos, entregues a instintos pouco dignos da cultura superior do ser-humano homo-sapiens-sapiens-sapiens-sapiens...

Mea Culpa, Professor!


No passado Domingo este ritual grotesco repetiu-se: Parece que um certo clube lá para os lados das terras onde ainda se come tripas (comida selvática), ganhou, pela quarta vez consecutiva, o campeonato nacional. De certo que não vale a pena referir nomes, nem gastar mais letras com esta barbaridade.

Permitam-me apenas esta pequena leviandade da minha parte:

OH MEU PORTO DE ETERNA MOCIDADE DIZ À GENTE O QUE É SER NOBRE E LEAL

...e já agora TETRA--CAMPEÃO!!!

Eh pá... é tão bom ser um animal portista!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

VALÊNCIA - Do Mito ao Futuro

VALÊNCIA
Será um vértice entre o Passado, a sua História e o seu Misticismo com o Futuro, e a sua audácia em criar mais e diferente.

Valência tem provavelmente o Santo Graal, cálice em ágata que teria sido utilizado por Jesus na Última Ceia, e especialistas reunidos neste domingo na cidade espanhola querem que a UNESCO o declare Património da Humanidade.
O Santo Graal é uma das mais importantes relíquias do cristianismo e a cidade espanhola de Valência, que afirma tê-lo, dedicou-lhe este fim-de-semana um congresso internacional, no 1750º aniversário da sua suposta chegada a Espanha.
Do congresso resultou uma petição, que se baseia "no conjunto de argumentos apresentados neste simpósio e dado que, pelo menos, pode-se demonstrar que o Santo Cálice de Valência foi o inspirador das narrativas medievais que deram lugar ao nascimento da literatura épica europeia", para que o objecto seja considerado pela UNESCO Património da Humanidade.

A relíquia, guardada numa capela especial na Catedral de Valência, tem 17 cm de altura e muitos especialistas questionam-se se é o mesmo usado por Cristo, principalmente porque está decorado com ouro e pedras preciosas.

"É compreensível esta desconfiança. Porque a todos nós vêm à mente as cenas pobres com os discípulos sentados no chão, e Jesus com um humilde cálice de barro. Mas não foi assim", disse o professor de história de Universidade de Valencia e historiador da catedral valenciana, Vicente Martínez. "O filho do carpinteiro escrevia em hebreu, era chamado de rabi (mestre em hebraico) e esteve com famílias com posses como a de Lázaro. É só consultar o Evangelho", afirmou.

A relíquia sagrada em si seria apenas a parte superior do cálice, em ágata, que os arqueólogos consideram de origem oriental, criada entre os anos 50 e 100 antes de Cristo. As asas e a base de ouro com pedras preciosas são do século XVI. O cálice teria sido enviado de Roma pelo mártir São Lourenço, em 238, para que ficasse protegido, já que o santo sofria uma perseguição que o levaria à morte.
in PUBLICO.PT - 10.11.2008